Do ponto de vista do conceito, a associação de baterias aos sistemas fotovoltaicos de produção de energia elétrica, faz todo o sentido.
Senão, vejamos:
os painéis fotovoltaicos produzem toda a energia quando há sol, ou seja, desde as oito horas da manhã até às seis horas da tarde. Acontece, que durante esse período, na maioria das casas portuguesas, os adultos estão a trabalhar e as crianças estão na escola.
Isto significa que muita da energia que vamos produzir não vamos conseguir aproveitar, para além daquela que irá compensar os gastos do frigorífico e dos stand-byes das aparelhagens.
Assim, para evitar o desperdício de grande parte da energia produzida, faz todo o sentido armazená-la em baterias, que depois poderíamos utilizar à noite, quando toda a gente regressa a casa e quando se concentram os grandes gastos energéticos.
Não há dúvida que este raciocínio está totalmente correto e como disse atrás, faz todo o sentido.
Agora, a grande questão que se coloca, é: será rentável, ou seja, será que o investimento que terei de de fazer para comprar as baterias compensa a economia de energia que elas me vão proporcionar?
Vejam, o seguinte exemplo:
O custo médio para associar baterias com uma capacidade total de 5,0 Kw ronda os 6.000€, já contabilizando as ligações e proteções elétricas, montagem e impostos.
Então, se eu conseguir carregar diariamente a totalidade da capacidade das baterias, à noite vou ter 5,0 Kwh disponíveis para poder utilizar. Ora, se considerarmos 0,20€ o custo por cada Kwh que compramos ao nosso fornecedor habitual de eletricidade, isto significa que vamos conseguir poupar 1€ por dia.
Se dividirmos o investimento dos 6.000€ pela economia diária de 1€, chegamos à conclusão que vamos precisar de 6.000 dias para amortizar o investimento realizado nas baterias.
6.000 dias, são mais de 16 anos.
Sabendo que a maioria das marcas de baterias oferece uma garantia de 10 anos, não será difícil de concluir que o risco de termos de comprar baterias novas, antes das anteriores terem sido amortizadas, é elevado.
Esta é a razão pela qual a maioria das pessoas não investia na aquisição de baterias.
E eu digo não investia, porque atualmente o paradigma está a mudar e a amortização do investimento nas baterias começa, a não ser o único e principal fator de decisão.
Todos estamos a ficar preocupados com a instabilidade do setor energético, agravado pela guerra na Europa, que tem pulverizado os preços dos combustíveis fósseis e por consequência da energia elétrica.
Neste contexto de grande imprevisibilidade, as pessoas estão, agora, à procura de soluções que aumentem a sua autonomia energética, ou seja, pretendem depender o menos possível da energia fornecida pelos operadores convencionais.
Ora, as baterias são um excelente instrumento para aumentar a nossa autonomia energética. Se com um sistema fotovoltaico sem baterias dificilmente conseguimos uma autonomia superior a 30%, já associando baterias, essa autonomia pode ultrapassar os 80%, ou seja, faz com dependamos do nosso fornecedor de energia em menos de 20%.
Assim, já não interessa tanto se o investimento se amortiza em tempo razoável ou não, agora o que procuramos é não depender de terceiros para termos acesso à energia que precisamos para garantir o nosso bem estar.
Esta mudança de paradigma irá, certamente, fazer disparar a procura de baterias para associar aos sistemas fotovoltaicos.